É natural que ninguém pense em pneus, afinal, compramos um carro pelo seu modelo, pelo seu motor, escolhe-se a cor, mas nunca escolhemos o pneu que o equipa.
Pneumáticos, ou na sua forma reduzida pela gramática, pneus, pela sua própria concepção, são produtos que envolvem diretamente a segurança do indivíduo e que, portanto, à exemplo dos medicamentos, sempre acompanhados de bula, deveriam trazer as mais completas informações sobre as suas características, modo de uso, aplicação, indicação, durabilidade e validade, modo de conservação e sobretudo, contra-indicações, ou seja, o que não se deve fazer com esses produtos, dentre outras importantes informações. Quando essas informações estão aparentes, são elas prestadas em forma de códigos e siglas, quase sempre em língua estrangeira, o que torna impossível a leitura por parte do consumidor. O que se percebe claramente é que sequer sabem os consumidores que aqueles códigos e siglas se referem à alguma informação importante.
Os consumidores, quando se dirigem aos estabelecimentos especializados na comercialização de pneus, nem de longe imaginam a importância do ato de aquisição desses produtos, ocasião em que deveriam ser informados das condições, especificações, características, durabilidade, modo de uso, contra-indicações e principalmente sobre aqueles aspectos relativos à segurança do bem a ser adquirido.
Não raras vezes, pelo contrário, o que se vê é uma situação de total desinformação tanto do consumidor quanto do fornecedor, que definitivamente não têm capacidade de interpretar e dar significado aos inúmeros e obscuros códigos grafados nos pneus, a grande maioria deles em língua estrangeira.
O consumidor, enquanto participante ativo da relação de consumo, deve ser informado de forma clara sobre todas as especificações técnicas do produto, a fim de que, uma vez escolhendo o pneu perfeitamente adequado ao uso a que se destina, possa então adquirí-lo.
Muita das vezes, ao se dirigir a um estabelecimento especializado na venda de pneus, o consumidor adquire o produto levando em conta não suas características técnicas e indicações de uso (o que deveria ser feito) e sim o aspecto exterior do pneu, como o desenho e a largura de sua banda de rodagem, sua seção lateral ("perfil") mais baixa ou até mesmo seu preço mais atraente. E isto devido a uma desinformação geral, tanto dos consumidores quanto dos fornecedores. Até mesmo vendem-se pneus em super e hipermercados, como se se tratassem de um produto qualquer, como um gênero alimentício ou produto de limpeza.
Definitivamente, pneus são produtos que merecem uma maior preocupação dos fabricantes, não só em relação à tecnologia empregada na produção, sabidamente moderna e eficiente, mas principalmente na informação prestada aos consumidores quanto às suas características principais e seus benefícios ou malefícios. Afinal de contas, pneus são utilizados em veículos que, por sua vez, são conduzidos por pessoas, que depositam nesses produtos todas as suas expectativas quanto à certeza de estarem utilizando-os corretamente, confiando-lhes por vezes suas próprias vidas.